segunda-feira, 29 de abril de 2013

O D.O.M. e a lista 2013 da The World's 50 Best Restaurants

Acompanhar o que acontece no mundo gastronômico me fascina. E desde que participei como jurada do Prêmio Paladar, fiquei ainda mais próxima do assunto pois tive a oportunidade de conhecer muitos outros restaurantes, alguns deles estrelados e renomados, como o D.O.M. do Alex Atala.

Mas a minha experiência lá não foi boa. No ano de 2012 , o D.O.M. figurou o 4° lugar entre os melhores restaurantes do mundo pelo ranking da revista inglesa Restaurant (que virou referência no mundo gastronômico). Para ir num restaurante desses, sua barra de expectativa está no nível máximo! Fiz minha reserva com uma semana de antecedência. No dia anterior à reserva me ligaram para confirmar e ainda por via das dúvidas, no mesmo dia liguei para saber se estava tudo certo, e me disseram que sim. Ainda me informaram que minha reserva tinha sido feita no mezzanino (com esse requinte de detalhe!). Quando cheguei no restaurante pontualmente, às 7:30 da noite, o Maitre me informou que não havia reserva nenhuma em meu nome. Era meu último dia para entregar todas minhas resenhas para o Estadão, podem imaginar meu nervosismo - eu não podia falhar e pôr à prova todo o trabalho que tinha feita até então!  Um grupo de homens também esperava em pé e a essa hora o restaurante estava vazio. Um deles quis explicar que haviam sim feito reserva enquanto outro ligava para a secretária para ver o que havia acontecido (pobre secretária!), mas o Maitre disse que não podia acomodá-los. Eles foram embora e o Maitre deu as costas e sumiu pra dentro do restaurante, sem me dizer o que fazer ou me dar nenhuma satisfação. Nessas horas meu sangue borbulhava. Eu não podia revelar que era júri do Prêmio, o que fazia as coisas mais difíceis para poder convencer que eu simplesmente PRECISAVA comer ali impreterivelmente naquele dia.

Como o Maitre tinha sumido, eu fui no caderno de reservas que estava no balcão para olhar se tinha algo errado, quando ele apareceu de repente e se colocou na frente do livro. Eu respirei fundo e disse que o restaurante tinha confirmado minha reserva.  Saquei meu blackberry da bolsa e mostrei o histórico de chamadas "veja senhor, aqui está a prova". Nesse momento ele viu que não teria mais saída e nos disse : "Deve ter havido algum engano. Me acompanhem", e nos levou ao mezzanino. Eu vibrei como se tivesse sido gol do Brasil na final da Copa do Mundo!
É difícil demais separar o serviço do prato. Quando se vai a um restaurante fino, premiado, aclamado, e principalmente quando sua expectativa está nas alturas,  tudo faz parte da experiência: o tratamento ao cliente, a qualidade dos talheres, toalhas e guardanapos, a limpeza das taças, a distância entre as mesas para sua privacidade e obviamente o sabor e a execução da comida. Até a música ambiente se estiver no volume errado já pode distorcer uma experiência. Mas como júri, minha tarefa era somente julgar o prato, e não o serviço. O Maitre já tinha estragado metade da minha noite, mas eu ali era uma profissional e foquei somente no que era necessário.


Mas a comida não me encantou muito não. Minhas resenhas que saíram no Paladar explicam (dá pra ver todos os pratos e as resenhas no site da Revista aqui) :

Gnocchi com Rabada
Eu adorei o farto molho de rabada desfiada super temperada e picante sobre nhoques macios e leves. Simples e muito saboroso, mas honestamente ficou longe da experiência de outro mundo da qual estava esperando por ter instintivamente criado uma falsa expectativa pelos títulos do restaurante.


Mamão verde com neve de Bacuri
Pequenos pedaços de fatias de mamão enrolados cobertos por pó de iogurte e no canto uma raspadinha de bacuri. Uma sobremesa pálida e etérea. Admito que não tive sensibilidade suficiente para entender a proposta minimalista e monocromática do doce, nem mesmo a composição de sabores.


Nesse meio tempo, a imprensa começou a criar o burburinho que de 4° lugar, o D.O.M. subiria para primeiro lugar na lista neste ano..... e eis que hoje saiu a nova lista e ao invés de subir, ele caiu para 6°...  Quem levou o primeiro foi o El Celler de Can Roca da Espanha. Acho que bem ou mal o D.O.M. coloca o nome do Brasil no mapa mundial da gastronomia, mas pela comida inexpressiva e serviço ruim da minha experiência em particular...  acho que ainda não merecia o 1º lugar mesmo. Fica pra próxima.


Aqui você confere quem levou os 10 primeiros lugares:
1º  El Celler de Can Roca - Espanha
2º  Noma - Dinamarca
3º  Osteria Francescana - Itália
4º  Mugaritz - Espanha
5º  Eleven Madison Park - EUA
6º  D.O.M. - Brasil
7º  Dinner by Heston Blumenthal - Inglaterra
8º  Arzak - Espanha
9º  Steirereck - Austria
10º Vendôme - Alemanha


 O restante da lista está no site The World's 50 Best Restaurants.



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